quinta-feira, 23 de julho de 2015

Mestre Dija, a História viva de Conceição da Feira. Cidade comemora 89 anos de emancipação


Em 23 de julho, Conceição da Feira completa 89 anos de emancipação política. Para celebrar a data, o INFORME Cidadania traz uma matéria com Djalma Farias Bastos, o mestre Dija

Aos 86 anos, mestre Dija é uma enciclopédia viva
O local é simples, no centro de Conceição da Feira. Um aparelho telefônico de discar, um rádio, fotos históricas e antigos jornais da cidade, dentre outros objetos sobre a mesa e alguns bancos de madeira convidam o visitante a um bom bate-papo. Onde funcionava uma alfaiataria, hoje é um local de prosa, e ele está lá todos os dias, pronto para atender àqueles que desejam desfrutar de uma boa conversa. No auge dos 86 anos, seu Djalma Farias Bastos, o mestre Dija, como é conhecido, é o que podemos chamar de uma figura simpática que tem na ponta da língua a História de Conceição da Feira.

Aos 13 anos, aprendeu o ofício de alfaiate. “Naquele tempo, o menino estudava em um turno e no outro ia aprender uma profissão”, recorda. Assim como aprendeu a profissão que desempenhou por mais de 50 anos, também a ensinou a outros “discípulos”. Daí o fato de ser chamado de mestre.

Com entusiasmo, mestre Dija relata fatos marcantes que ocorreram em Conceição da Feira, como a visita do escritor Jorge Amado. “Ele passou dias na Pensão Laurentina, começou a escrever o romance Jubiabá aqui e terminou no Rio de Janeiro”. E afirma que D. Pedro II esteve em Conceição da Feira quando veio inaugurar a ponte que liga Cachoeira a São Félix. Para ele o fato mais importante que já aconteceu em Conceição da Feira foi a Emancipação Política, em 1926, quando o município foi desmembrado de Cachoeira.

Memória privilegiada 
Da memória privilegiada deste conceiçoense carismático, os nomes de pessoas que marcaram a história da cidade brotam como um verdadeiro manancial de informação. “O primeiro colégio daqui foi dirigido pela professora Maria Lúcia Plácido dos Santos”, que hoje dá nome à Biblioteca da cidade. E assim, outros tantos nomes são citados, como Eupídio Cardoso (o primeiro intendente), Bebé Ferreira, Artur Almeida e Tomé de Brasilina (integrantes da filarmônica que existiu na cidade), Dr. Antílio Soares (dentista, carnavalesco), a parteira, dentista e manipuladora de medicamentos Maria Teodora Leal (quem dá nome a maternidade local), o professor Pedrito (fundador do primeiro colégio particular, onde o próprio mestre Dija estudou e foi colega do acadêmico Pedro Borges), padre Mato Grosso, Vivaldo Bitencourt (autor do hino da cidade), dentre outros.

Na base econômica do município, segundo Djalma Farias, prevalecia a cultura do fumo, depois “a avicultura deu um grande impulso a Conceição da Feira”. Quanto ao espírito acolhedor da cidade, o mestre diz: “nossa cidade acolhe muito a pessoa que chega aqui, tanto que muita gente vem aqui a passeio e acaba ficando”. Mestre Dija afirma ser bem tratado pela juventude, preocupa-se com a falta de emprego e deixa um recado importante para os jovens: “se afastem do vício”.

Esta enciclopédia viva, de fala suave, além de carregar na bagagem octogenária o ofício de alfaiate, canta, compõe canções e escreve poemas. É também escritor, com participação no livro Conceição da Feira: Terra da gente, e, como se não bastasse, foi vereador por quatro vezes numa época em que o edil não recebia salários.

Com todos esses atributos, Djalma Farias Bastos é um autêntico filho de Conceição da Feira. Digno do título de mestre, sua vida se confunde com a História desta Terra que ele tanto ama e onde sempre viveu.

Luciano Ferreira

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